Sou formada em
Psicologia e minha trajetória profissional tem uma raiz profunda na educação
com crianças do primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Atuei como professora do
Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental, na rede pública e privada, no município
de Niterói, por 18 anos, e em minha prática sempre busquei novas formas de
construção do conhecimento. Acredito que cada aprendente é um ser individual e
único.
Muitas das
questões que surgiram na sala de aula me fizeram buscar a Psicopedagogia para entender
mais profundamente a inter-relação entre afetividade, aprendizagem, relação
social e o meio ambiente. Fiz pós-graduação lato-sensu em Psicopedagogia
Escolar e, posteriormente concluí a Psicopedagogia Clínica.
A minha formação
me deu a possibilidade de, além de trabalhar na escola, construir um outro espaço
de interação e troca, que foi a empresa “Oficina criando e recriando:
textualizando e matematizando”. O trabalho acontecia com crianças do primeiro
ciclo do Ensino Fundamental através de jogos e literatura infantil, visando trabalhar
questões latentes de cada indivíduo. Formávamos grupos heterogêneos, visando a
interação e a troca de experiências, pois na abordagem psicopedagógica adotada
por mim, todos os indivíduos, em momentos diversos, podem ocupar o papel de
ensinante ou de aprendente. Esta troca de papéis faz com que o indivíduo se
sinta mais valorizado, saindo do lugar de quem só recebe informações.Era isso que eu buscava, possibilitar que aqueles sujeitos, que nem sempre eram "olhados" em suas classes, se percebessem incluídos e engajados em processos de aprendizagem.Isto acontecia no momento em que
eles percebiam que tinham potencial e que era possível atingir os objetivos da
escola. Na prática, começavam a ter autoconfiança, o que fazia com que se
sentissem pertencentes ao grupo.
Tendo em vista que
o trabalho que desenvolvia estava focado na diversidade e na
interdisciplinaridade, quando entrei em contato com a proposta do curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão, do Instituto de Biologia, da Universidade Federal Fluminense, não tive dúvidas... este era o caminho
para retomar os estudos e me reconectar ao que sempre acreditei e lutei.
Hoje estou fora de
sala de aula porque deixei de acreditar na forma como as instituições de ensino
são gerenciadas e encaminhadas. A visão de colocar todos no mesmo lugar e a
padronização da aprendizagem me assusta e continuo a não concordar com um
olhar sobre os processos de construção de conhecimento que rouba dos
aprendentes e ensinantes a autonomia e a autoria.
Acredito que a
inclusão é de extrema importância social e necessária, independentemente do
tipo de deficiência ou eficiência de cada um. Somos seres de relações e para nosso
desenvolvimento e crescimento, precisamos que todos nos relacionemos com todos,
respeitando a singularidade de cada um.
Em 1991 passei a
integrar o quadro de profissionais técnico-administrativo da Universidade
Federal Fluminense desempenhando funções ligadas à área de Recursos Humanos. No
período de 2002 a 2008 ocupei cargo de direção nas áreas de Treinamento e
Avaliação de Desempenho, Recrutamento e Planejamento e Desenvolvimento de
Recursos Humanos. Entrei em contato com adultos que buscavam no ambiente de
trabalho uma relação intrínseca com suas vivências, suas crenças, seus desejos.
Temos o hábito de achar que o adulto não necessita de um desejo para
impulsioná-lo a produzir de forma prazerosa e criativa. Continuei buscando na
relação de troca, no olhar mais profundo sobre as questões do trabalho caminhos
para afirmar que somos seres de relação. Durante este período busquei me capacitar e completei mais um lato-sensu em Recursos Humanos, na UFF.
Minhas
inquietações me levaram também à área de design de interiores. Pensar o
espaço para as pessoas, o espaço para as relações humanas. Se na escola o
espaço precisava ser organizado, belo e com conforto, no trabalho isso não
poderia ser pensado de forma diferente. Acredito na importância do espaço
vivido e vivenciado para possibilitar a construção de um ser total, pleno.
Hoje percebo que o
interesse de pesquisar sobre o espaço educativo e sua influência sob o
aprendizado surgiu dessa trajetória profissional. Será que o espaço educacional tem
a mesma importância que o LAR? Por que é dado tanta importância e valor para a
CASA que abriga e as políticas públicas não dão aos ambientes de aprendizagem
uma atenção que potencialize o “sentir-se bem” para ensinar e aprender? Quais
os benefícios que um espaço educacional com conforto ambiental pode propiciar a
discentes, docentes e técnicos?
Estas
foram algumas das questões que conduziram minha pesquisa de mestrado e que teve
como foco o conforto ambiental dos espaços de aprender-ensinar visando a
produção de um projeto de Jardim Sensorial como uma tecnologia assistiva e
acessível no campus do Gragoatá, bem como do blog “Reconstruindo escolas”. O
primeiro apropriou-se de uma metodologia participativa que, de forma
interativa, divulgou a temática entre estudantes do curso de Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Federal Fluminense- UFF. O blog é outro espaço
interativo que além de possibilitar a divulgação de conhecimentos de aspectos
da legislação sobre a inclusão de pessoas com deficiência, permitirá apresentar
aspectos sobre o conforto ambiental e acessibilidade em espaços educacionais,
sugestões de materiais que possam ser utilizados para amenizar problemas de
construção arquitetônica, projetos inteligentes na área de construções escolares
e publicações de temas pertinentes.
Espero que este instrumento do conhecimento sirva de apoio para novas possibilidades e caminhos , rumo a diversidade e a inclusão de todos.
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